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Usos do monitoramento: etnografia digital e política

March 21, 20134 MIN READ

O monitoramento de mídias sociais vai muito além da tecnologia. As ciências sociais, por exemplo, estão amplamente inseridas nesse tipo de trabalho e podem ser usadas para gerar insights em diversas áreas. Neste artigo, focalizarei usos políticos desse tipo de estudo.

A análise do que os grupos sociais divulgam pode ser feita por meio de um monitoramento quantitativo e qualitativo. A teoria usada para explicar o monitoramento qualitativo é a etnografia digital ou netnografia.

A análise dos perfis e a divisão de grupos é feita a partir do contexto no qual quando um se encontra. Para que isso seja realizado é preciso fazer um plano de estratégia de monitoramento.

Como fazer esse plano? É preciso definir a data de realização, formas de classificação (positivo, negativo, neutro e misto), software que será utilizado para a coleta dos dados, palavras-chave que serão cadastradas de acordo com a lógica de busca de cada rede social e as principais tags (categorias nas quais cada termo coletado será inserido).

Para cada objeto de pesquisa há um tipo de plano de estratégia de monitoramento. Antes que ele seja estabelecido é necessário observar os perfis da área buscada nos principais canais de redes sociais (Twitter, Facebook, Youtube ou mais). Esta fase de observação pode durar em média duas semanas. Nesse caso, não há interação com os usuários da rede. A observação é um processo de entendimento do tema que será monitorado posteriormente.

Depois da fase de escolha de observação podemos ter mais argumentos para definir como será a estratégia de monitoramento.

Política X Eleição

Durante o processo eleitoral, o plano de estratégia de monitoramento possui em média 4 meses (período que compreende a época em que o Tribunal Superior Eleitoral autoriza a realização de campanha para os candidatos).

A definição das formas de classificação é tão importante que qualquer erro nessa fase pode comprometer todo o trabalho. É por meio dela que o analista poderá ter parâmetros para saber o que é positivo, negativo ou neutro em determinada situação.

Fora do período eleitoral o estudo netnográfico pode ser mais aprofundado, visto que temos mais tempo. É possível estudar com mais calma cada grupo e não ficar concentrado apenas nos números de sentimento.

Netnografia

Quando falamos em monitoramento, lembramos apenas dos  números e gráficos. Entretanto, por meio da netnografia podemos ter um monitoramento aprimorado. Entender o comportamento de uma pessoa não é tarefa fácil, mas é bom começo para implementar um projeto de relacionamento digital. Este é o "ouvir" do processo, já que vamos nos inserir na realidade em que o público-alvo vive. Dessa forma poderemos interagir, elaborar estratégias de conteúdo e produzir sabendo a forma de atingi-lo.

A netnografia vai influenciar diretamente na estratégia de conteúdo. Com base nos estudos sobre o comportamento do usuário será muito mais fácil (re)estruturar um projeto e deixá-lo o mais próximo daquilo que o público alvo espera.

Já imaginou que trabalho rico de detalhes? Você coloca os dados quantitativos, mas também acrescenta informações sobre as "personas" ou temas principais do objeto que está monitorando.

Segundo Christine Hine, no livro "Virtual Ethnography" (2000):

“O etnógrafo não é um simples voyeur ou um observador desengajado, mas é, em certo sentido, um participante compartilhando algumas das preocupações, emoções e compromissos dos sujeitos pesquisados. Essa forma estendida depende também da interação, em um constante questionamento do que é possuir uma compreensão etnográfica do fenômeno”.

Então, fica o desafio para esta primeira análise: como você faria um estudo netnográfico no seu monitoramento?

ReferênciasVirtual Ethnography | Cibercultura e Redes Sociais - Twitter como interação

Sobre a autora

Ana Célia Costa é aluna do MBA de Marketing Digital do IESB (Brasília/DF). Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas, trabalha com mídias sociais há 3 anos. Entre seus principais projetos estão a campanha “Brasília 50 anos”, do Governo do Distrito Federal, criação e coordenação das mídias sociais do Governo do Espírito Santo, entre outros.

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